Seja Bem-Vindo!

Fabio Frasson

Fabio Frasson
Bacharel em Comunicação Social, Pós-graduado em Marketing e Pós-graduado em Administração Hoteleira

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Briga de Cachorro Grande


A novela do chamado “Blocão do PMDB” teve mais um capítulo nesta terça-feira. Em reunião da nova bancada do PT, o deputado Fernando Ferro chamou de “precipitada” a atitude do principal partido da base aliada e disse, ainda, que isso “nada contribui”.

Com 202 deputados, o blocão, composto por PMDB, PR, PP, PTB e PSC, teria força para pressionar Dilma Rousseff na montagem do novo governo.

Agora, o PT busca a formação de um outro bloco, aliado ao PSB e PC do B.

Os cães se uniram para puxar o trenó na corrida eleitoral. Ao passar a linha de chegada, todos querem um pedaço do osso.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Política do Poder

O Brasil é um país de muitos partidos, de muitas ideias e de muitos interesses. Ou será que a afirmação correta seria que o Brasil é um país onde a ideia é atender aos interesses dos partidos.

A cada dois anos, novas eleições agitam o cenário político. E em ano de eleição, nada é proposto, nada é votado, nada é resolvido. Até há pouco estavam todos, inclusive o presidente, imbuídos da missão de cabos eleitorais.
Saímos de uma disputa pelos cargos de presidente da república, governadores, senadores e deputados. O final deste ano e o início do próximo (2011) serão dedicados à montagem do novo governo, ao loteamento dos cargos em ministérios, secretarias e estatais, às decisões sobre quem vai presidir o Senado, a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas estaduais. Passado esse momento, serão iniciadas as conversas e negociações acerca das candidaturas para as prefeituras e câmaras municipais, a serem disputadas em 2012. Estas discussões passam a ter maior relevância política do que a função para a qual foram eleitos nossos "representantes".

Em 2012 repete-se a máxima: em ano de eleição nada acontece e após o pleito o que vale é a montagem do novo governo e a decisão sobre cargos e presidência das Câmaras de Vereadores.

No ano seguinte, agitam-se os bastidores para decidir as próximas candidaturas à presidência da república, governos estaduais e Congresso Nacional para 2014.

Em 2014 a saga continua e se repete, ciclicamente.

Pessimista, eu? Talvez. Mas é só observar a voracidade de PT, PMDB, PSB e demais partidos que integram a base aliada do governo para ver se não tenho razão. Ou será que o tal "Blocão", tão falado nos últimos dias, será apenas uma escola de samba no Congresso?

Que Deus nos ajude!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Agora é tarde

O Superior Tribunal Militar (STM) liberou ao Jornal Folha de São Paulo o acesso ao processo que levou Dilma Rousseff (PT) à prisão de 1970 a 1972, durante a ditadura.

Constam nos documentos, arquivados desde 1970, informações sobre Dilma e outros militantes que atuaram na VAR-Palmares, organização da esquerda armada.

A Folha havia tentado obter as informações ainda durante a campanha eleitoral, mas o acesso foi negado. Conforme publicado pelo jornal, em agosto, o processo de Dilma foi trancado em um cofre do tribunal (março/10), por decisão do presidente do STM, Carlos Alberto Soares, alegando que queria evitar o uso político dos documentos e que eles estavam deteriorados.

Infelizmente, ao ferir a liberdade de imprensa e censurar o acesso às informações de relevante papel histórico, o Tribunal Militar negou ao povo brasileiro os seus direitos. Dilma foi eleita sem que seus eleitores pudessem conhecer verdadeiramente seu passado.

Na próxima semana, após a publicação da ata da sessão, o jornal poderá consultar o processo.  Infelizmente, agora é tarde!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Felicidade Garantida?!

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) acaba de aprovar a proposta de emenda constitucional, de autoria do senador Cristóvam Buarque (PDT), que inclui a "Felicidade" no artigo 6º da Constituição, como objetivo dos direitos sociais.

A proposta ainda deve ser votada pelo senado, em dois turnos, com aprovação de, pelo menos, 3/5 dos senadores. Se aprovada, o artigo 6º ficará assim:

"são direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a Previdência Social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados".

Será que assim, deixando claro que tais direitos são essenciais à busca da felicidade, poderemos contar com eles?

E será que não seria mais útil criar, redigir e votar as reformas tributária e política que tanto são prometidas e que nem sequer vão para o papel?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LÁ VEM A CPMF

Nem bem acabou a eleição, o governo federal já coloca, novamente, suas garras de fora e acena com a volta do famigerado imposto do cheque, a CPMF.

Não precisa ser economista para notar que é a enorme carga tributária, e não a valorização do dolar, a principal causa da falta de competitividade das empresas brasileiras. Afinal, se a moeda americana é quase duas vezes mais cara do que a nossa, por que seria mais barato arcar com os custos da importação de produtos do que comprar direto no Brasil? Pergunta básica, resposta objetiva: IMPOSTO. A voracidade do governo na arrecadação de impostos bate recorde todos os anos; a imprensa noticia, os empresários esbravejam, os trabalhadores se revoltam, os políticos reconhecem que é preciso reduzir a carga, mas..., na "hora H", optam pela conveniência de ter à disposição mais e mais dinheiro.

Dilma disse ontem que não irá enviar ao Congresso um projeto para recriar a CPMF, mas jogou, de antemão, a culpa sobre os governadores, da possível retomada do imposto. É claro que nos governos estaduais o que não falta é vontade.... de ver dinheiro entrando nos cofres. Com apoio de governadores e maioria no legislativo, falta pouco para o brasileiro sofrer mais uma redução no seu, já apertado, orçamento doméstico.

A oposição já mostra-se contrária, é claro. Em nota, Paulo Bornhausen (DEM), diz que "A Liderança dos Democratas na Câmara dos Deputados repudia veementemente a possibilidade de recriação da CPMF, o famigerado Imposto do Cheque (...)". Mas será suficiente?

A sociedade clama por reforma tributária, mas nossos "representantes" esquecem o termo e resolvem reformar apenas o que deveria ficar na história, ressuscitando impostos.

Vamos votar de novo?!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

108 Mil Manifestantes

Passada a euforia das eleições e o luto pela esperança perdida, é momento de recompor as forças e seguir adiante. A luta pela democracia, pela justiça, pela paz e pelo desenvolvimento com qualidade de vida deve ser uma bandeira permanente e incessante, seja qual for o partido governante.

Isto posto, tenho o prazer de informá-los que o Manifesto em Defesa da Democracia conta, hoje, com 108.482 assinaturas. Se você ainda não conhece ou não aderiu ao movimento, clique aqui e participe.

Um grande abraço a todos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Discurso de José Serra

Após a confirmação do resultado das eleições, José Serra, demonstrando o abatimento natural, discursou em agradecimento aos milhões de brasileiros que acreditaram em seu projeto político. A fala era de otimismo e esperança, mas o olhar, de profunda tristeza e frustração, sentimentos que infelizmente compartilho.

Ressaca Eleitoral

Amigos leitores, antes de lerem o artigo que aqui trago a vocês, peço que leiam o post anterior, entitulado "A Esperança Morreu". Assim conseguirão compreender melhor o que tenho a dizer.

Logo após as eleições que reelegeram Lula em 2006, passei alguns dias sem conseguir escrever coisa alguma. O aborrecimento e a frustração entorpeciam minha consciência. Até que em 12/12/06 reuni algumas palavras para reerguer minhas convicções e continuar acreditando no futuro.

Hoje, tenho muitos daqueles sentimentos misturados. Por isso, resolvi postar a vocês aquele artigo, reafirmando cada palavra como se fosse hoje.

Um grande abraço a todos.
Ainda anestesiado pela infeliz demonstração de conivência à hipocrisia, selada pelas urnas no último dia 29 de outubro, recomeço aqui a minha luta por uma sociedade mais justa e, principalmente, mais verdadeira.  Penso que já há muito tempo merecemos uma política sem “politicagem”, uma administração pública sem jogo de interesses pessoais e partidários. E cabe a cada um de nós uma parcela importante desta tarefa, para que o país possa realmente crescer para todos, e não apenas em discursos demagógicos.

Impressionou-me, sobremaneira, a indignação expressada hoje por muitos dos eleitores que ajudaram a reeleger o presidente Luís Inácio Lula da Silva, que admitira nesta segunda-feira (11/12/06) ter mudado suas convicções políticas, afirmando estar distante da “esquerda” que sempre fizera parte de sua vida.

Que o marketing pessoal e as palavras mudaram, disso ninguém tinha dúvidas. Mas o sentimento demonstrado pelo eleitorado é de traição. Parece-lhes que os discursos de outrora figuraram apenas como eleitoreiros e que o poder cega, fascina, alucina, domina e acovarda. Como diria o próprio presidente “nunca, na história desse país,” uma figura pública postou-se de forma tão avessa a si mesma.

Penso que ser de “direita” ou de “esquerda” pouco importa se as atitudes forem dignas do que se espera de um legítimo representante. E infelizmente, não foi isso que presenciamos ao longo dos últimos quatro anos. Mentiras, promessas descabidas e obviamente não cumpridas, abuso de poder, palavras ao vento, explosão de enriquecimento (no mínimo) suspeito, corrupção pra todo lado, uma verdadeira lição de como utilizar o poder em proveito próprio. Uma realidade velada pela propaganda estrategicamente elaborada de projetos sociais que pouco podem fazer pela nossa gente. É claro que para quem mal consegue juntar uns poucos tostões, trabalhando de sol a sol, qualquer real a mais representa muito. Mas daí a afirmar que milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza por obra de um “bolsa quase nada”...

Espero que a decepção dos eleitores possa contribuir para que a chama da consciência política faça de nosso país uma verdadeira nação, onde nossos filhos e os filhos de nossos filhos tenham orgulho de viver. Que a tão professada justiça social seja feita, não como vingança de uns contra os outros, mas realmente como forma de garantir a todos o acesso à moradia, saúde, educação, segurança, emprego e salário decentes, enfim... que a felicidade possa estar ao alcance de nossas escolhas. (Fabio Frasson, 12/12/06)

O Discurso de Dilma

Ainda abatido pelo resultado das urnas, decidi levantar a cabeça e seguir adiante, na luta pela defesa da democracia, da construção de um país politicamente consciente, responsável e verdadeiramente justo.

Trago aqui a vocês, até para que fique registrado, e para que possamos comparar suas promessas com suas realizações, o primeiro discurso de Dilma Rousseff, agora eleita para a presidência da república. Sugiro que acompanhem o vídeo ou que leiam o discurso até o fim e que jamais esqueçam de cobrar o que foi dito.

Um forte abraço a todos.

Segue o discurso em vídeo
Segue discurso, na íntegra:


"Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,
É imensa a minha alegria de estar aqui.
Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida.
Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.
A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!
Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:
Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.
Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.
Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.
Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões.
O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família.
É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.
Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.
Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte.
A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.
O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro.
Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.
Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.
No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.
Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.
Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.
É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.
Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.
Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos.
Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.
Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.
Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público.
Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo.
Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.
As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.
Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.
Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.
Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.
Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.
O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.
Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas.
Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde.
Me comprometi também com a melhoria da segurança pública.
Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.
Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos.
Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.
A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade.
É aquela que convive com o meio ambiente sem agredi-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.
Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa.
Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.
Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.
Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.
Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.
A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.
Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.
Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.
Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.
Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.
Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho.
Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.
Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.
Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.
Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.
Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós.
Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta.
Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado.
Saberei consolidar e avançar sua obra.
Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo.
Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.
Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união.
União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.
Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.
Muito obrigada" (Dilma Rousseff, 31/10/10)

Marina Silva x João Ninguém

Ao final do primeiro turno, muito foi dito sobre o resultado obtido por Marina Silva (PV) e que este teria sido um fator fundamental para o processo democrático, possibilitando a ocorrência de um segundo turno e blá blá blá, blá blá blá.... O efeito Marina ou a chamada Onda Verde teriam politizado o brasileiro. Talvez, mas ....

... quem decidiu a eleição não foi Marina Silva, do PV (Partido Verde), foi o João Ninguém, do PN (Partido Nenhum). O que estou dizendo?

Vejamos: A diferença entre Dilma Rousseff e José Serra foi de 12 milhões de votos. Porém, mais de 29 milhões de eleitores (21,5%) resolveram deixar que outros decidissem em seu lugar. Esse foi o número de abstenções nesta eleição. O fato curioso, para não dizer trágico, é a análise do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Ricardo Lewandowski. Para ele, o percentual de abstenções ficou "dentro da normalidade, dentro do tolerável e não macula os resultados das eleições".

Bem, infelizmente, tem muito brasileiro que reclama durante 4 anos e, na hora em que pode fazer a diferença, realmente faz, finge que não é com ele.

A Esperança Morreu

Em 30 de outubro de 2006, um dia depois da reeleição de Lula à presidência da república, escrevi um artigo entitulado "A Esperança Morreu", publicado dias depois por um jornal local.

Hoje, 01 de novembro de 2010, coloco aqui neste blog aquele mesmo artigo, repetindo cada palavra, como se as tivesse redigido agora, vendo com perplexidade, ainda que prevista, a vitória de Lula, do PT e de Dilma Rousseff nas eleições realizadas ontem.

Deixo-os com o velho artigo, enquanto sigo com o luto novo.

Até a próxima.

Segunda-feira, trinta de outubro de 2006. Hoje deveria ser um dia como outro qualquer. Manhã de sol, início de mais uma semana, mais um dia de trabalho. Mas tudo parece diferente. Um gosto amargo na boca, expressão de tristeza no olhar, dor inquietante na alma.

É difícil expressar em palavras o que sentimos quando um ente querido se vai. Vazio no peito, silêncio no coração; falta um pedaço de nós, mesmo estando tudo ali, como sempre estivera. O coração palpita, acelera e de repente quase pára, mas continua ali, batendo, batendo, batendo. O ar parece sumir, esquentar, queimar os pulmões como fogo, como um veneno que nos corrói. O corpo parece moído, surrado, dolorido, mesmo sem que nada o tivesse atingido. A vida não faz sentido, nada faz sentido.

A caminho do trabalho, tanta gente.... repetindo, sem pensar, o que sempre foi feito. Sem olhar para o lado, sem saber o que se passa,.... totalmente indiferente.  E eu ali, observando, caminhando, pensando, tentando entender o que tinha ocorrido. Nada, nada faz sentido.

Quando criança sonhava voar, sentindo a brisa no rosto, com brilho no olhar. Sonhava que o mundo era seguro, era belo, perfeito. Que as pessoas eram boas, exceto umas poucas, que realmente eram más. Aprendi que quem rouba é ladrão e que não existe forma certa de fazer o que é errado. Aprendi que a verdade às vezes dói, mas que a mentira destrói; que quem promete, cumpre; e se não pode cumprir, não se deve prometer; que a vida é dura, mas que ao final tudo dá certo, pois Deus escreve certo por linhas tortas. Mas há quem diga que Ele escreve certo por linhas certas e que somos nós que entortamos as linhas.

Parece confuso, estou confuso. As crianças não acreditam mais em papai Noel, sabem que se a “grana” for curta não tem presente. E os adultos, ah... os adultos. Não acreditam mais na paz, não acreditam no amor..... não acreditam que ainda exista verdade onde reina a mentira, o cinismo, a hipocrisia, a demagogia; não acreditam na justiça, quiçá na Divina; não acreditam na honestidade e nem sequer se chocam mais com tanta falsidade. O mundo virou uma terra de ninguém, uma praça de guerra onde vence o mais esperto e não o melhor; onde educação passou a ser apenas um número, um percentual, um item tão importante quanto...... quanto....... do que mesmo eu estava falando ???

Justiça social hoje é sinônimo de esmola, tirada de quem não tinha muito e agora tem quase nada. Será que não seria mais “justo” criar condições para que todos tenham dignidade???? Afinal, tirar de um para dar a outro parece mais vingança do que justiça. Um “toma lá, dá cá”, uma luta armada entre irmãos que mal se conhecem, que não se aceitam, que não se olham, que não se entendem.

A sociedade não existe mais. É cada um por si e o futebol por todos. Mas isso até a 1a caixa de cerveja. Daí pra diante tudo vira festa e o país esquece que antes do dia 30 veio um 29. O dia em que a esperança morreu!!! O dia em que a mentira venceu. Para 55 milhões de pessoas em nosso país a verdade definitivamente não faz falta. Que pena!

Sempre tive orgulho de ser brasileiro, país de um povo alegre, hospitaleiro, guerreiro. Um povo que “não foge à luta”, que não desiste. Um povo sofrido que merece muito mais do que tem sido seu legado.  Sonhava com o dia em que unidos pudéssemos fazer um Brasil diferente, uma nação decente.  Mas hoje estou enfraquecido. O orgulho se transformou em vergonha; o sonho em decepção. Ninguém se importa mais com as arbitrariedades; ninguém acredita mais que o país possa ser administrado ao invés de ser governado. Os erros do passado justificam os do presente e os do futuro, como se todo dia fosse uma sexta-feira 13. (E não é coincidência numérica).

Sei que a democracia é retratada pela “maioria”, mas não acredito que o que era errado ontem se torne certo hoje só porque a “maioria” não se importa. A esperança morreu, mas minha consciência e a minha dignidade ainda não.

Meus pais me ensinaram que a maior herança que uma família pode deixar é a educação e a honestidade. E isso nosso ilustríssimo presidente da república não sabe o que é. Justiça seja feita: Nosso povo mostrou que merece o governo que tem! E não tem do que reclamar.

Deixo aqui minha mensagem de pesar, esperando que amanhã eu possa acordar e descobrir que tudo não passou de um pesadelo.
Fabio Frasson, 30/10/2006