O governo Dilma reajustará em até 45% o Bolsa Família, aumentando em R$ 2,1 bilhões o gasto com o programa em 2011. O anúncio ocorre no momento em que este mesmo governo planeja cortar R$ 50 bilhões do orçamento para combater a inflação.
E aí começam as discussões. Governistas e oposicionistas partem para os discursos previsíveis, enquanto muitos desinformados fazem seus comentários nas ruas e nas páginas da internet. Acusações, xingamentos, comparações descabidas..., enfim, parte do processo democrático que não leva nada a lugar algum.
Penso que existe clara demagogia, tanto nos discursos governistas, quanto nas críticas da oposição. As chamadas "políticas sociais" de "transferência de renda" trazem benefícios? Claro que sim. Mas são demonstrações inequívocas de má fé e incompetência política e administrativa. É muito mais fácil distribuir dinheiro aos pobres do que criar meios para desenvolver a sociedade como um todo, fortalecendo a economia, gerando emprego e renda. É muito fácil doar aos pobres o dinheiro suado de cada brasileiro que paga imposto do que promover educação de qualidade, garantindo que crianças e jovens estejam preparados para a vida e para o mercado de trabalho. É muito mais fácil "ganhar" os votos de 12 milhões de famílias, simplesmente criando bolsas e mais bolsas do que conquistar sua confiança por meio de um trabalho sério, honesto, comprometido com o desenvolvimento do país. Não há interesse real pelo bem estar da população, mas sim, pela garantia do continuísmo do poder.
Façamos uma breve análise das últimas medidas econômicas anunciadas.
Aumento do salário mínimo: Apesar das críticas, a fórmula de reajuste é coerente. Repõe as perdas de poder aquisitivo geradas pela inflação e promove ganho com base no crescimento da economia. OK! Mas e o aumento de salário do legislativo e do executivo? Calma! essa é outra questão. Quanto ao salário mínimo, a medida está correta. Afinal, além de impactar nos gastos com a previdência, muitas empresas privadas e, até mesmo, pessoas físicas, tem empregados que recebem com base no salário mínimo. Seria um caos para eles se fosse aplicado um aumento maior. Mas por que não se cria um projeto que dissocie o valor das aposentadorias do salário mínimo. Assim, poderia ser votado um reajuste que não comprometesse a iniciativa privada. Bem.... aí está o problema. Se cada R$1,00 de aumento compromete cerca de R$ 300 milhões do orçamento, faltaria dinheiro para outros projetos do governo e para as tais emendas parlamentares. Então, preferem não mexer nessa cumbuca. Agindo com suposta responsabilidade, disfarçam os próprios interesses. Mas, intenções à parte, que está correto, está!
Aumento de salário dos parlamentares (final de 2010): 61,8% para deputados e senadores e 133,9% para presidente da república. Aqui esquecem a coerência; "dane-se a responsabilidade". Alegaram estar sem reajuste desde 2007 e que estavam seguindo o que autoriza a lei. Curioso: quem é que cria mesmo essas leis?
Cortes no orçamento x Aumento do bolsa família: O governos injetou dinheiro na economia em 2010 para gerar um crescimento que garantisse maior visibilidade e fortalecesse a candidatura Dilma. O efeito foi a volta da inflação. Agora é preciso pisar no freio para evitar que o bolo desande. Enquanto os ministros são colocados na linha de fogo para explicar os cortes, Dilma faz pose de boa samaritana, anunciando reajuste do bolsa família. Enfim, a coerência está sempre de mãos dadas com a famigerada má fé.
"Eita" coceira na mão que dá esse tal de poder!!!!
E sabe o que é pior? A culpa é de quem os colocou lá. Os votos não foram inventados. Milhões e milhões de brasileiros padecem por suas próprias escolhas. Quem sabe nas próximas eleições?!