Amigos e leitores, a temática do aborto tem estado presente nas discussões eleitorais desse início de 2º turno da campanha presidencial. O que você pensa sobre isso? Qual sua opinião sobre o aborto e sobre a legalização ou criminalização do ato? Faça seus comentários no final deste artigo; quero conhecer o que você pensa.
Quanto a mim? Bem...
Penso que não há como alguém, em sã consciência, imaginar o aborto como algo bom ou normal. É um ato lesivo por definição e contrário à natureza humana. Mas há muito mais em jogo nesta questão.
Aqueles que invocam princípios religiosos para defender a proibição e a criminalização alegam que a interrupção da vida, em qualquer fase de desenvolvimento e por qualquer razão, é contrária à vontade divina. Porém, são esses mesmos princípios que justificam a não interferência de Deus sobre os desastres e crimes que vivenciamos, legando a nós o livre-arbítrio, para o bem ou para o mal, sobre o qual prestaremos contas a Ele no fim da vida.
Não tenho a intenção de criticar o pensamento religioso nem, tão pouco, incitar a realização indiscriminada do aborto. Quero deixar claro que sou contra o ato na maior parte dos casos, mas eu, por natureza, nunca terei que tomar esta decisão.
O que gostaria de pontuar é que, com base no mesmo princípio religioso do livre-arbítrio, penso que abortar ou não é uma decisão de responsabilidade exclusiva da mulher. Se tomada de forma errônea, também a ela restarão as consequências. Não cabe à sociedade ou ao Estado decidir algo que está ligado, única e exclusivamente, ao indivíduo, à mulher. A gravidez é um processo biológico que ocorre no seu organismo, transforma o seu corpo e a sua vida. Não podemos tratá-la como mera hospedeira-obrigatória de um outro ser.
Assim sendo, na ocorrência de uma gestação não desejada, proveniente de uma relação sexual NÃO-consensual, tal como abordada pela legislação atual, entendo ser perfeitamente compreensível a decisão pelo aborto, apesar dos pesares. Vejo do mesmo modo a gravidez que implica em risco de morte para a mãe ou que seja, comprovadamente, de feto anencéfalo.
Nas demais situações, apesar de todas as dificuldades geradas em consequência de uma gravidez não planejada, fruto de relação sexual voluntária, sou contrário ao aborto. Concordo que criar um filho acarreta mudanças profundas na vida de qualquer pessoa, seja do ponto de vista pessoal, social ou econômico, e que, nem sempre, se está preparado para isso. Mas ainda assim não creio que abortar seja justificado por quaisquer destas razões.
No entanto, apesar de contrário, não vejo como tirar da mulher esse direito de escolha. Havendo ou não a proibição legal, a decisão continuará sendo dela. Ocorre, porém, que pelo fato de ser proibido, quem opta pelo aborto, acaba fazendo escondido, em casa ou em clínicas clandestinas, sob risco de lesões, infecções e morte, principalmente entre a população de baixa renda, sem condições de procurar uma clínica médica com bons equipamentos, pessoal, higiene e assepsia. Os hospitais e postos de saúde públicos registram, anualmente, inúmeros atendimentos a mulheres que realizaram o procedimento abortivo em condições adversas e acabaram sofrendo sérias complicações, muitas vezes fatais. Considerar como crime é apenas um meio de mascarar o problema e, até mesmo, intensificá-lo.
Por esta razão, entendo que abordar o assunto como uma questão de saúde pública não é, exatamente, concordar ou incentivar a prática, mas perceber que não há como interferir realmente sobre a decisão da mulher, cabendo ao Estado oferecer orientação médica e psicológica às mulheres grávidas, visando sempre a preservação da vida.
A questão do papel do Estado deve ser discutida e definida, visando sempre o bem estar social. Porém, entendo que não faz sentido pautarmos nossa decisão, sobre em quem votar para presidente, na questão do aborto. Mesmo porque, antes que seja relevante a opinião do presidente sobre o assunto, cabe ao legislativo discutir e, conforme suas conclusões, elaborar e votar novas leis para, aí então, levá-las à apreciação do executivo para sancionar ou vetar. Há muitas questões importantes a serem abordadas e que irão definir os rumos do nosso país nos próximos anos. Vamos discutí-las!
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(atualizado em 13/10/2010)
Quanto ao embate entre José Serra e Dilma Rousseff no que tange este tema, vejo o seguinte:
Nenhum deles vai correr o risco de perder votos, dizendo-se a favor do aborto, seja como for. Porém, Dilma, despreparada politicamente, falhou e caiu novamente em contradição, fornecendo armas ao adversário. Serra, por sua vez, para virar o jogo, vai ter que explorar as falhas da petista e encontrou mais uma na inconsistência e volatilidade do discurso. Aliás, a história do PT está recheada de discursos que mudam de acordo com situação e com a platéia, mas isso fica para outro artigo.
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Talvez você não concorde com minha posição sobre o assunto; talvez sim.
Deixe seus comentários.
Um grande abraço a todos!
No entanto, apesar de contrário, não vejo como tirar da mulher esse direito de escolha. Havendo ou não a proibição legal, a decisão continuará sendo dela. Ocorre, porém, que pelo fato de ser proibido, quem opta pelo aborto, acaba fazendo escondido, em casa ou em clínicas clandestinas, sob risco de lesões, infecções e morte, principalmente entre a população de baixa renda, sem condições de procurar uma clínica médica com bons equipamentos, pessoal, higiene e assepsia. Os hospitais e postos de saúde públicos registram, anualmente, inúmeros atendimentos a mulheres que realizaram o procedimento abortivo em condições adversas e acabaram sofrendo sérias complicações, muitas vezes fatais. Considerar como crime é apenas um meio de mascarar o problema e, até mesmo, intensificá-lo.
Por esta razão, entendo que abordar o assunto como uma questão de saúde pública não é, exatamente, concordar ou incentivar a prática, mas perceber que não há como interferir realmente sobre a decisão da mulher, cabendo ao Estado oferecer orientação médica e psicológica às mulheres grávidas, visando sempre a preservação da vida.
A questão do papel do Estado deve ser discutida e definida, visando sempre o bem estar social. Porém, entendo que não faz sentido pautarmos nossa decisão, sobre em quem votar para presidente, na questão do aborto. Mesmo porque, antes que seja relevante a opinião do presidente sobre o assunto, cabe ao legislativo discutir e, conforme suas conclusões, elaborar e votar novas leis para, aí então, levá-las à apreciação do executivo para sancionar ou vetar. Há muitas questões importantes a serem abordadas e que irão definir os rumos do nosso país nos próximos anos. Vamos discutí-las!
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(atualizado em 13/10/2010)
Quanto ao embate entre José Serra e Dilma Rousseff no que tange este tema, vejo o seguinte:
Nenhum deles vai correr o risco de perder votos, dizendo-se a favor do aborto, seja como for. Porém, Dilma, despreparada politicamente, falhou e caiu novamente em contradição, fornecendo armas ao adversário. Serra, por sua vez, para virar o jogo, vai ter que explorar as falhas da petista e encontrou mais uma na inconsistência e volatilidade do discurso. Aliás, a história do PT está recheada de discursos que mudam de acordo com situação e com a platéia, mas isso fica para outro artigo.
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Talvez você não concorde com minha posição sobre o assunto; talvez sim.
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